Sou natural do concelho de Silves, concretamente de Alcantarilha- Gare, onde nasci em 29 de Julho de 1948.
Foi em Silves que tirei o Curso Comercial e em Faro a Secção Preparatória para o Instituto Comercial, para onde vim estudar (Lisboa) em 1967.
Depois, fui estudante de Economia, no então ISCEF, (actual ISE), mas sem concluir o curso, e empregado bancário, profissão de que me retirei há cerca de seis anos, como gerente de Agência, concretamente no ex-Banco Mello (hoje BCP Millennium) para a situação de reforma.
Durante toda a minha vida fiz poemas, que me lembre desde os 13 anos. Contudo, enquanto bancário, fiz apenas algumas sátiras e um ou outro poema sentimental. Reformei-me no ano de 2000 e, em Setembro de 2004 ingressei em Grupos de poesia na Internet. Aí sim, voltei a escrever com mais assiduidade, pelo que a maior parte dos meus poemas é recente.
Em 2 de Julho de 2005 editei o meu primeiro livro de poemas, intitulado “No Silêncio do Tempo”, através de Palimage Editores, com apresentação na Biblioteca do Palácio Galveias em Lisboa, uma tarde inesquecível, com a sala repleta de amigos. 
Seguiram-se “ Outono da Vida” (apenas de sonetos), “Um pouco de Sol” (sonetos e outros poemas), “Gracejando em verso” (poemas de brincadeiras e sátiras que fiz durante toda a minha vida).
Depois… “Silves, Uma Viagem Pelo Concelho, em 24 Sonetos”, “Ode a Odivelas, em 25 Sonetos” (com apresentação na Biblioteca Municipal de Odivelas) e “Por Terras de Vila de Rei – Beira Baixa”, em 22 Sonetos (isto é, 3 Odes em sonetos).
Mais recentemente, publiquei “Como Um Rio…” e “Raios de Luz” (sonetos e outros poemas) e “O Sorriso e a Sátira” (com brincadeiras e sátiras feitas nos últimos tempos).
Ao todo 10 livros, como autor, até à data.
Participo ainda em seis Antologias: a primeira editada em S. Paulo, Brasil, em Abril de 2005, pela Abrali, intitulada “O Futuro Feito Presente”, organizada e coordenada pelo Grupo Ecos da Poesia; a segunda, “A Nossa Antologia”, da Associação Portuguesa de Poetas; e a terceira, editada também em Julho de 2005, simultaneamente em Portugal, Brasil e Canadá, de nome “Terra Lusíada”. Tenho ainda um poema-abertura em Terra Latina, editada pela Abrali (Curitiba/Brasil) e faço parte dos Florilégios de Natal, de 2005 e de 2006, da Tertúlia dos Escritores do Rio de Prata. 
Escrevo todo o género de poemas, sempre rimados. Tenho, contudo, uma certa paixão pelo soneto.
Pertenço a cerca de 20 Grupos de poesia na Internet.

Joaquim Sustelo 
 





Eu Sou

Eu sou entre milhões um grão de areia
Deixado num deserto que palpita;
Onde algum vento impele à epopeia
De quem quer vencer sempre - e acredita!

Aquele que implantou em sua ideia
De cada vez que a aragem o levita,
Que pode edificar a grande Aldeia
De Amor e de Amizade - a mais bonita!

E tenta sob o sopro, que é alento
Formar com outros grãos algum cimento
Aliciando as pedras, onde passa...

Deixar esse deserto onde se encontra...
Que por ser escuro e triste é fraca montra
E há grãos que são motivo de arruaça.

Joaquim Sustelo
(em OS MEUS CAMINHOS)



 


Este Frio

Olhei sobre a cidade adormecida
As telas que a penumbra lhe recorta
Nas horas em que a vida é menos vida
E vive só dos sonhos que transporta

Aqueles a que a alma dá guarida
Os vivos... Os que são já letra morta...
Senti então na minha reflectida
A parte que nos sonhos não tem porta

Então eu preenchi meu pensamento
Com mágoas que me deram desalento
Um frio atravessou-me a alma nua

Fiquei um pouco mais, inerte, absorto
Depois fui procurar algum conforto
Mas noto que este frio continua.

Joaquim Sustelo
(em OS MEUS CAMINHOS)

 


 


Alucinação

Ouvi teus passos no vento
Em movimento suspenso;
Ecos do meu pensamento
Nos trilhos onde me adenso.

Era o som de um movimento
Provindo do espaço imenso;
Era num tempo sem tempo
Prá minha alma um incenso.

E num êxtase profundo
Mergulhei num outro mundo,
Horizontes de lonjura...

Ante o frémito suave
Rodei pela porta a chave
E fui à tua procura.

Joaquim Sustelo
(em RAIOS DE LUZ)
 


 

 

Poetas...

Às vezes a dormir a gente sonha
(E sempre há cada sonho na visita...)
Matéria incoerente ou tão tristonha
Que a alma impaciente nos agita!

Sonhei que a poesia era de loucos
Que aspiram a um Mundo de utopias
Um dom atribuído a alguns... poucos
P'los quais outros não nutrem simpatias

Sonhei que ser poeta é ser patético
No ver de quase toda a sociedade
Que diz por tanta vez "isso é poético"
Perante alguma estranha liberdade

Sonhei ser o poeta apenas joio
No trigo que da terra em paz se solta
E sempre escreverá sem ter apoio
- Ninguém vai entender sua revolta

Assim ao acordar fiquei pensando
Que é triste ocupação escrever poesia
Num Mundo onde só vemos ir reinando
O ódio, a contenda, a guerra fria

Deixai! Vamos escrevendo... pouco importa
Se à Poesia não dão o seu valor!
- Um dia a humanidade quase morta
Talvez venha bater à nossa porta
A mendigar um poema, por favor.

Joaquim Sustelo
(em OS MEUS CAMINHOS)