Elizabeth Misciasci 

Já ouvi que a via Láctea é uma estrada linda e colorida.
Já dancei Funk, fui às baladas, das noites enamorada.
Lunática curti rock, Hip Hop. Penetrei no universo sertanejo,
Já fui back, cantei frevo, pop e versões, Amante, entoei Samba enredo!
Bossa nova, modinhas, Românticas produções, caricatas vozes em cantigas
Propaguei sinfonias, fiz valer as divisas, ao exprimir traduções e melodias.
Viajei quando dançava um tango! Sonhei...Ouvindo Bolero de Ravel.
E se o coração foi sangrando...Honrei palavras e contratos, exerci meu papel.
Já atrai câmeras e flashes, fiz caras e bocas. 
Mostrei pernas e decotes, me armei e muito amei.
Das pequenas... me arrisquei como poucas.
Jogando os cabelos, seduzi, incitei, mas comovi e emocionei.
Já julguei, já fui julgada! Crítica da arte, criticada por histórias...
Porém nunca Condenada e por Deus sempre amparada
Tatuei minha passagem, deixei marcas em muitas memórias.
Mostro a cara pela imagem, se Sou o que Sou, nasci pra vitórias
Eu, Periodista informei, muito eu questionei.
Preenchi laudas, contei linhas e espaços;
Aprovei pautas, paguei pra ver... Investiguei
E erguendo taças, criando laços entre abraços, brindei.
Já me deleitei com versos que li, diante de novos poetas eu cresci
Reverenciando-os me curvei e pelos sentimentos transcritos os aplaudi.
Mais no “Desalento” foi que vivi a loucura, o toque mais profundo,
Vindos das mãos que não senti!
Do Imortal... Manuel Bandeira
Decorando:- “Eu faço versos como quem morre...”
Embriaguei-me, e ao declamar, não só falei... Também morri... 
Fui traída e não traí, fidelidade exijo de tudo e oferto
Mesmo daqueles que nunca mais vi
Respeito e não esqueço o que se vive de perto.
Se disser que sou um ser transparente
Que prego o que faço sem preconceitos
É direção a nortear aos que não se vêem gente
Não saio da estrada, mantenho os preceitos.
Já escrevi chamando atenção,
sobre as águas que inundam as vias e casas... A destruição.
Dos heróis que célebres ou desconhecidos, deram e dão brilho
Força, garra e orgulho, proclamam a nossa nação.
Contei fatos, mostrei fotos! Sem presença, fui presente...
Nas mãos de um correspondente, que na guerra do Iraque,
foi aos prantos... Extravasando as dores da saudade e da guerrilha,
do ausente e do impotente.
Falei dos horrores,
Das balas perdidas, dos corpos no chão!
Do adeus sem despedida...
Mais ao dissertar os amores
Também falei do vinho, chocolates e licores,
Dos Diamantes Roubados, dos brilhantes, sem data...Ofertados.
Já fui porta voz
Da vida e da morte, dos grandes fatos, dos não notados.
Dos excluídos e dos aclamados.
Já procriei, vidas gerei!
E dos meus maiores feitos, entre os meus tantos defeitos,
Ao reproduzir legitimei meu legado, patrimônios hereditários.
Heranças do meu passado, que ao conceber no sagrado.
Trouxe ao mundo e chorei.
Subindo o mais alto degrau, dos que conhecem a fama... 
Confesso que autora sou, das obras de arte de maior valia,
dos poemas, das cantigas mais belas, pois estas... São as duas vidas
que gerei. Meus filhos, perfeitas e raras relíquias.
Louros prêmios que criando ganhei!
E neste cenário a cada dia
Fiz meu palco pra brilhar...
E só brilhei!


Todos os Direitos Reservados a Autora®

 

 

 

 

Vestígios®
Elizabeth Misciasci

Sou ponto de partida.
Amplexo na chegada.
Tutora de outros dias 
a propugnar quem clama.
Íntima da dor de muitos,
fleuma da concepção.
Abstraída.
Vestígios de um tempo 
em que tudo fui e nada sei.
A recolher folhas mortas pelo chão, 
declamo meus sonhos.
Instilando o nanquim 
por sob o tinteiro, redobro
o papel reescrevo a história.
Olhos vendados, 
cama quente, porta aberta,
lábios cerrados...
Alma alada! 
Que a cada dia renasce...
Sou recomeço!


Direitos Autorais da obra reservados a Autora Elizabeth Misciasci® 
Registro de Averbação:- 252.901 Livro 451 Folha -61.
Fundação Biblioteca Nacional Ministério da Cultura

 


 


Os dois lados©
Elizabeth Misciasci

Sinto meus olhos perdidos
entre os casebres e as casernas,
onde o bracelete que adorna,
aludindo cessa os pulsos
como prata em par de argolas;
Ferindo me transforma...
Sou só dores nesta hora!
Me erguendo entre cavernas,
escuto meu profundo silencio
e o coração partido ao meio
lança-me nesta biosfera. 
Sem tempo exato
a me barrar feito bloqueio,
perdida, sem recato nesta perfídia.
Onde nem sei... 
Quem é anjo ou fera!
Percebo apenas a divina comédia,
quando as luzes se apagam no fim do ato.
Dando a cara,
dos dois lados desta face,
vou somando as verdades e as saudades...
Entre as matizes sem realce
num cenário inexato.
Banhada de sangue 
e de um choro incessante... 
-Que Insensato!
Mais se essa é a minha insônia...
É o meu retrato.

Direitos Reservados.
Registro de Averbação:252.901- 
Biblioteca Nacional- Ministério da Cultura
 



 


Não me negarei©
Elizabeth Misciasci


Não me conhecerão por aquilo que não sou.
Nem por mim, nem por ti, nem pelos que passarem
por caminhos que não me pertenceram,pois
é trilha certa que seguir, não vou.
Não saberão qual a cor do céu que me encobria,
nem a paisagem que mais me encantava,
ou a dor mais profunda que eu sentia.
Não me ouvirão, por tantos momentos que me calei...
Nem pela voz que mesmo bradando, 
devastando, fiz clamoroso protestar,
ou pelas palavras mudas, que há muitos dediquei.
Não saberão em qual tom entoei este canto,
nem se a minha melodia era o fruto de uma irreverência
que opositora se fazia, em formato de sonata... 
Reproduzida com o intento de esconder meu pranto.
Não visualizarão as infinitas fotografias que já rasguei;
nem os lúcidos pensamentos que em desvario
frutificaram-se nesta mente sã e fecunda,
e, que por serem inanimados, não compartilhei. 
Não conhecerão o brilho dos olhares que não dei,
nem pelos tempos passados, nem pelos dias presentes,
pois meu consolo, vem "do saber" que não me perco
nem me desencontro, por aquilo que não sonhei.
Não saberão em qual direção irei andar...
Se deixarei meu corpo e minh'alma em qualquer chão,
se estarei entre o céu ou a terra,
se alcançarei o horizonte ou atravessarei o mar.
Pois nem por mim, nem por ti, nem pelos que passarem
por caminhos que não me pertenceram,
a minha estrada irei percorrer, 
mesmo que a me devastar... 
tendo a alma tão machucada... 
Não me negarei.

 

 

 

 

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