Nas noites de solidão que assolavam a minha vida era preciso um nick para adentrar num mundo mágico, onde o sofrer ficava do outro lado da porta.
Assim nasceu Beatriz por um triz*; um nick inspirado na musica de Chico Buarque e Edu Lobo.
Durante anos caminhei neste teto virtual, lendo cada história triste ou engraçada que me era contada.
Fui escrevendo....levando sempre muito a sério cada frase lida, sabendo que eram frases vindas de outro ser humano com alegrias e desenganos tão semelhantes aos meus.
Márcia Medici, uma paulistana de 51 anos de idade, viúva e mãe de um casal de filhos.
Uma brasileira comum como tantas , que luta com garra por seu pedaço de chão, que chora , sorri e perde a calma . 
Que soma seus erros e acertos e os pesa com determinação visando que nunca se equilibrem, que penda a balança sempre para o lado bom.
Uma mulher a caminhar pelos atalhos da vida. 
Resignada no sofrer,clamando em versos por justiça, mas sem nenhuma preguiça acreditando sempre no amar.

Beatriz por um triz* 

 





Você não passou
(Beatriz por um triz*)

No espaço que ainda resta
na fresta da janela envelhecida 
a tímida claridade dos faróis
ilumina seu retrato em dia de festa.

Momento paralisado de um tempo ágil,
onde tua frágil imagem
é a marca da saudade
que faz sangrar meu coração.

Em cada um de nossos filhos
uma parte de você
talvez a mais preciosa
não me permite esquecer

Se a morte foi da vida a vitória
não elimina a lembrança
de quem por caminhos tortuosos
escreveu a minha história.

Escrita em desencontros
e explosões emotivas,
Um conto de despedidas
sem estar pronto para o adeus

Hoje só me resta recordar
o capitulo final dessa história
que você escreveu sozinho
e deixou sem sequer assinar
Ah!!! se eu pudesse fazer o tempo voltar!

 

 

 


Um dia de fúria
(Beatriz por um triz*)

Na porta do corredor
giro a chave da solidão
quebro as trancas da covardia
e atravesso o portão

Sigo na mesma calçada
ainda na contramão
das águas turvas passadas
que inundaram meu coração

Na direção que me entrego
em passos firmes, decididos
divido-me entre a fúria e o amor
em torpor meus outros sentidos

Aos poucos vou resgatando
a visão e o pensamento
ouso questionar a Deus
porque permitir o tormento?

Crianças sós ao relento
anciãos e nacos de pão
águas devorando as sementes
ou faltando e trincando outro chão

Ainda na mesma calçada
o ouro reluz no pescoço
daquela que passa apressada
evitando a mão do moço

Neste cenário da vida
retratado em preto e branco
sinto-me assim dividida
entre bruxos e homens santos

Mas posso sentir cada qual
com suas crenças e orações
e como uma paranormal
libero minhas emoções

 

 



Rasgue minha fotografia
(Beatriz por um triz*)

Rasgue minha fotografia
siga teu caminho em paz
esqueça que existi um dia
não me procure jamais

Eu por aqui vou levando
a vida como Deus permitir
quem sabe um dia meu rosto
consiga um sorriso emitir

Se "ela" te fizer esquecer
os nossos momentos de amor
as tantas poesias que fiz
as cartas que você mandou

por certo será merecida
minha solidão demarcada
a minha alma ferida
a dor de ter sido enganada

Rasgue minha fotografia
tire meu cheiro do seu corpo
como tirastes a alegria
deste meu sonho hoje morto

Lave no peito as feridas
que brotam da separação
são chagas arrependidas
do ato da traição

No amor não há lugar
para a terceira pessoa
despeço -me sem rancor
por mais que o coração doa

Rasgue minha fotografia
como rasgastes o encanto
de tudo o que eu mais queria
seu amor, sua presença.

Rasgue, sem ressentimento
ao vento faça-a em mil pedaços
como de mim fizestes os estilhaços
que juntarei com o tempo

a solidão é minha sina
o vazio a tua sorte
a traição assinou
nossa sentença de morte

 

 


 


Quando 
(Beatriz por um triz*)

Quando nascer o dia , você já terá partido e eu certamente terei vivido todas as minhas glorias, todos os meus dramas , e todas as minhas tramas.
As ilusões ficarão marcadas no lençol de cetim, como pedaços de mim ,
desordenados,
incautos e inconsequentes.

Serei corpo imóvel e ainda quente.
Desejo saciado que a saudade já pressente.
Serei o salão à meia luz indicando o fim da festa,e com sorte serei a fresta que deixará o sol entrar na esperança de um novo amar.
 


 


Como presa de um lobo
(Beatriz por um triz*)

Como um lobo faminto
devoras meu coração e o despedaças,
partindo á procura de outra caça 
sem lamentar o que sinto.
E, o que sinto é a minha desgraça.

Ao aceitar tuas andanças
sangro meu coração,
permitindo contra mim a vingança
de ama-lo , sem esperanças,
numa dança doentia de paixão.

Segue o tempo,
eu já enfraquecida,
retorna o lobo à minha morada
em meu colo o acolho agradecida,
e ainda mais apaixonada

Mas como fosse destino marcado
o lobo está triste e cansado,
e num beijo demorado
tatua nos lábios meus
a marca do seu adeus.

Se o lobo foi pecador,
nas dores que me causou,
sei também que me amou,
como lhe foi possível amar.

Se a espera foi minha sina,
ainda a cumpro nas noites que a lua ilumina
Seu uivar ecoa em minha insanidade,
como anunciando suas vontades,
e como fosse eu sua presa.

Quando enfim sua ausência me invade,
deixando meu corpo inerte,
indefesa agonizo ante a saudade,
transformando em lenda minha verdade.

     

 

 

Visite a autora nos sites abaixo:

http://paginas.terra.com.br/arte/ligiatomarchio/ligia_amigos_beatriz.htm
www.bettyboopstar.com.br/BEATRIZ_POR_UM_TRIZ.htm
www.crlemberg.com/poeta/beatriz/beatriz.htm
www.florijane.com/bia_menu.htm