Apresentando a Ciranda:

Cândido Pinheiro

Encontro das Águas
Cândido Pinheiro

Por entre as montanhas ando escondido em um vale perdido 
Tranqüilo quase que num cochilo, mas sempre em frente
Vou saudoso levando minhas águas cristalinas
Às vezes corredeiras, e recordando das cachoeiras que já passei
Onde em lágrimas muitos véus de noivas eu deixei
Lembrando da minha cabeceira, palco de amores que enganei 
Leito onde beijei sinuosas margens e deixei tatuagens 
Cupidas marcas em ramos que jamais quebrei 

Às vezes sou caudaloso e com força um tanto tenebroso
Mas nada de furioso, pois sei que algumas pedras arranquei 
Sem maldades, para tanto, não tenho mais idade
Mas às vezes na cruzada, roubo a melhor flor de uma folhagem
Para misturar em minhas águas o seu aroma selvagem

Na chuva me regozijo num salpicar de gotas
Refrescante dilúvio para o calor que sinto
Por vezes meu dorso anda exposto ao sol a pino
Em muitas outras de alegria transbordo
Transformando em terra fértil a tudo o que molho
E nas planícies por onde escorro, vou regando as pastagens 
Este verde que me acolhe quando deslizo por entre as matas
Onde meu murmúrio silencia ante a sinfonia dos pássaros
Que em coral de glória cantam bravo à minha passagem 

Em muitos braços me abro, e em desabafo formo tentáculos
São muitas outras margens que abraço por onde passo 
Em rio único volto ao meu curso e discurso ao mar a frente 
Estou chegando e com alegria anuncio a minha aproximação 
E num doce beijo molhado a água fica salgada
Agora sou oceano, um gigante em águas

Não ando mais escondido 
por entre as montanhas em um vale perdido...
De agora em diante beijarei todas as costas 
E mansamente em ondas vou rolar na areia morna das praias
Aproveitando a magia e a beleza da mãe natureza
Deste fraterno encontro das águas

26 Janeiro 2004
Santa Maria - RS - Brasil


 

Participam desta ciranda:

Alberto Peyrano, Alda Moreira, Ana Trindade, Antônio Cícero, Arlete Piedade, Belvedere Bruno, Bernardino Matos, Candy Saad, Conceição Di Castro, Eda Carneiro, Eliane Gonçalves, Elisa Andrade, Elizabeth Otero, Eme Paiva, Giovânia Correia, Graça Cardoso, JB Carneiro, Jorge Humberto, JC Barbato, Lenamais, Lina Rocha, Luiz Poeta, Macedonio, Majú, Marcos Milhazes, Margaret Pelicano, Mª Cristina Luna, Marici, Marilena Basso, Mário Osny, Maurício Santanelli, Mercêdes Pordeus, Nadir D'Onofrio, Nany Schneider, Nídia Vargas Potsch, Nora Lanzieri, Ógui Mauri, Pedro Valdoy, Raquel Caminha, Raquel Teppich, Regilene Neves, Regina Bertoccelli, Renate Emanuele, Rogerio Miranda, Rosimeire Motta, Schyrlei Pinheiro, Stellamaris, SussuLuz, Tere Penhabe, Thereza Mattos, Victor Gerónimo, Yara Nazaré.

 

 

Autores de A a E

 

Agua En El Alma
Alberto Peyrano

Yo vi tus lágrimas correr por tus mejillas.
y esa agua bendita que mi sed calmó
llegó hasta mi boca en un suspiro
e inundó mi corazón.

Cuánta dicha sin fin sentí al instante,
cuánto de ti pasó a mi alma...
Un pájaro cantaba en el jardín
bajo la intensa lluvia de tu amor.

Tomé tu mano y la acerqué a mi rostro
y oh! milagro, de tus dedos
brotaron rosas encarnadas
que el rocío de mis lágrimas cubrió.

 

Triste Rio

Entre as margens da vida, eu sigo persistente;
em meu leito carrego as dores do passado
a pensar num futuro alegre e diferente,
querendo sempre ter amor de cada lado.

Muito cascalho e pedra encontro a minha frente,
ficando eu mui covarde e sempre desolado;
mas um doce cantar me faz bem sorridente,
pois não quero viver tristonho e abandonado..

E assim eu vou traçando as linhas do destino
onde prazer me falta e me sinto franzino.
Porém, sempre sorrindo, eu nunca me desvio,

pois sei que se te achar a amargura me invade:
tuas lágrimas são apenas falsidade,
vindo eu a ser de novo aquele triste rio.

Alda Corrêa Mendes Moreira

 

http://www.espelhopoetico.pro.br/


E... a Lágrima...
Ana Ferreira Trindade - Lisboa/Portugal

E a lágrima caiu...
no sexto sentido.
Adormeceu comigo,
perseguiu um rio sem perigo
e acordou no mar da vida e sem abrigo ...


Rio São Francisco
Antonio Cícero da Silva

Rio perene e longo
Símbolo da natureza ele é
É rio muito perfectivo
É lá onde navega o seu José.

Com águas profundas e doces
O Rio São Francisco é um colosso
Seria bom que eu lá não fosse
Seu seio também é perigoso.

Ao navegar pelo rio
Encontrei-me com o caboclo
Senti então calafrios
Ao observar o estranho moço.

O caboclo ou nego d'água
Para mim sorriu
Alguma coisa estranha falava
E na água sumiu.

Ele novamente apareceu
Fumo e cachaça me pedia
E parecia peça de museu
Assustava-me quando sorria.

O caboclo segurou o barco
Que já não andava
Se não fosse o fumo e o trago
O barco ela não largava.

Mas lá tudo é lindo
E o velho Chico até parece falar
"Seja sempre bem vindo."

www.paralerepensar.com.br/antoniocs.htm
www.recantodasletras.com.br/autores/antoniocicerodas
http://antoniocicerodasilva.blogspot.com


Herança 
Arlete Piedade

Água límpida, pura e cristalina,
Risos em regatos rumorejantes,
Desses meus tempos de menina,
Recordo claros dias já distantes. 

No Inverno o gelo brilhante e frio, 
Os campos já lavrados, recobrindo,
Bebendo da água da fonte no estio,
E no fundo poço os peixes sorrindo...

A rega na horta e no florido jardim...
Brincando na fresca água, já molhada,
Sentindo a alegria de menina amada...

E os filhos de agora, recordarão assim?
Se a água hoje, poluída, engarrafada,
É o lhe damos da herança a nós deixada...


Águas
Belvedere

Quero as águas
de março
pra me convencer
que de fato
vivenciei um verão.

Não vi céu azul,
nem alegrias
pintadas nas cores
fúcsia, laranja, verde-limão.

Sequer uma brisa 
que me refrescasse
a alma...

Apenas um calor 
escandalosamente opressivo. 

Rio de Janeiro - março 2005


Água, Fonte da Vida!
Bernardino Matos

70,0% do corpo humano é de água composto,
no mesmo percentual , a superfície da terra,
é coberta por esse líquido, sempre reposto,
fonte básica da vida, que a natureza encerra.

Quando os cientistas pesquisam a possibilidade,
de vida em outros planetas, seu foco principal,
é a existência de água, partem dessa realidade,
pois sem ela, não há sobrevivência, é fatal.

Toda a alimentação da humanidade depende,
da irrigação do solo, do plantio, da colheita,
onde são gerados os alimentos e surpreende,
a falta de cuidados , que o bom senso rejeita.

O homem polui os oceanos, os lagos, os rios
dando mais valor à riqueza material produzida,
do que à própria vida, provocando desvarios,
que tornam nossa chance de vida reduzida.

Os oceanos conservam uma reserva inesgotável,
de alimentos, além dos peixes que povoam,
também os rios, a água de maneira notável,
mantém riquezas vitais que no universo ressoam.

O transporte da maior parte da produção de bens
e de serviços que circulam entre todas as nações,
é feito através de oceanos e de rios , deles reféns,
o que revela a mais primordial de todas as funções.

Ela mata a sede do homem e sua saúde melhora ,
permite a limpeza de todos os lugares e ambientes,
mantê-la pura e cristalina é um dever que vigora,
Deus nos doou como fonte dos principais nutrientes.

É triste visualizar campos secos, sem pastagens,
o gado morrendo de fome, sendo transportado,
a grandes distâncias para buscar noutras aragens,
água para não morrer de sede, e voltar cansado.

A água, quando poluída, pode causar a morte,
quando limpa proporciona alegria e prazer,
Deus a colocou com envergadura e porte,
mas está sendo difícil o homem isso entender.

Quando descortinamos campos floridos,
a natureza revestida de verde e aconchegante,
a imensidão do mar e seus sonoros ruídos,
a riqueza circulando, tudo isso é relevante.

Assim deve ser nossa alma, pura e cristalina,
capaz de fazer circular bondade e leveza,
sendo como a água, fonte de origem divina,
dando a mais bela tonalidade à natureza.

Fortaleza, 17 de maio de 2006


Encontro das Águas
Candy Saad 

Como um rio
Minhas águas andavam tranqüilas
Percorrendo caminhos traçados pela natureza
O percurso era solitário, porém belo e calmo.
Águas doces...felizes
Corriam sem saber pra onde
O sol companheiro durante do dia
A lua clareando o caminho da noite
Águas puras, transparentes, rolando pedrinhas.
Numa colina encontra outro igual
Num borbulhar de águas 
Um tumulto se formou
Eram fortes!
Levantaram com o impacto
Numa altura sem igual
Ainda inseguras
Beijaram-se
Amaram-se
Conheceram-se
Misturaram -se
Viram que eram iguais
Tornaram-se uma só água
Seguiram seu percurso
Eu...você
Um só igual


Águas
Conceição Di Castro

Pelas águas frias dos lagos,
Trouxeste pelas tuas mãos,
meu corpo e alma vagos.
Vagos de flores e amor
porque pereceu de dor.

A água purifica
o leito dos rios amigos,
e os seduz e ficam
plenos de lírios antigos.

És as águas do coração
regendo com maestria
a divina emoção
Advinda com a alegria.

Tu trouxeste a magia
divinal das águas puras
vindas dos bosques, sentias
a beleza das canduras.


Água Purificadora
Eda Carneiro da Rocha

Água, purifica-me!..
Corre pelo meu corpo,
tira todas as mazelas,
escorre pelo meu rosto,
como bênção que és,
na minha vida!

Lava toda essa tristeza!
Purifica-me!
Dá ao mundo a redenção,
com a tua pureza!

Água riacho, água rio, água fonte,
água menina que brinca com a gente,
nos córregos, onde vou sentí-la,
borrifar meus cabelos!

No meio das pedras,
nos dando o burburinho da vida,
que precisamos sentir,
para viver!.. 
Água Santa,que beatifica,
que unge meus pensamentos,
olha por mim, por nós,
pelo planeta!

www.albumpoeticoeda.com.br


Águas de verão
Eliane Gonçalves & Marcos Milhazes

Tal o Sol numa manhã de verão
Vieste assanhado e me convidando
Com seus encantos e brilho,
Se enroscando em mim
É possível assim?

Como choro
Gotas grossas e marcantes
Feito os amantes
Imprevisíveis e previsíveis
Eis a questão

Destemida e determinada
Fui ao encontro das águas.
Cada gota que caia me invadia
Molhava meu vestido, colava em minh’alma
Deixava-me nua
Minha transparência era notada

Entregando-me ao encanto,
De um canto.
Numa melodia do amor

Mas a chuva acabou
A noite escorregou
A vida quente chegou
O calor do coração se animou
E
Numa paixão se realizou.
Como.

As águas eternas de verão.


Igual ao Rio e o Mar
Elisa de Andrade

Somos como o Rio e o Mar
Porque nos encontramos com muita freqüência
E entre nós existe uma linda dependência
E uma vida inteira para sonhar!

O Rio procura desembocar no Mar
Essa é a lei que rege a natureza
Eu procuro ao seu lado sempre estar
E essa é a nossa lei ... com certeza!

Feliz daquele que ainda pode admirar
O encontro do Rio com o Mar
Eu e você ... juntos ... adoramos lá estar
Para poder dessa beleza ... compartilhar!

O Rio e o Mar são um par constante
Dançando a valsa da natureza exuberante
Eu e você ... corpos entrelaçados
Dançamos ao som do amor ... enfeitiçados!

As águas do Rio alcançam o Mar ... em profusão
E nele vem ... sofregamente desaguar
Eu procuro em seus braços ... a mansidão
E encontro em você uma razão para amar!

Eu sou seu pequeno e singelo Rio
Você é meu imenso e rico Mar
E nós dois seguimos ao nosso feitio
E juramos para sempre nos amar!

Petrópolis – RJ


Entre Aguas: Ayer Y Hoy
Elizabeth Otero
Pittsburg, 30 de mayo de 2006

Grandioso Océano Atlántico cuna de mi preciada niñez
y adolescencia añorada, cuántos misterios encierras!
Recuerdo tus tempestuosas olas, verde mar amenazante,
que luego llegaban suaves, apaciguadas, a tus doradas orillas

Niños anhelantes con sus padres jugando
adolescentes bellos coqueteando deslumbrados
humana satisfacción de libertad gozada, en época pasada,
juguemos y dancemos, castillos de arena construiremos

Pero, sabes mi verde mar plateado, ahora temor te tengo
la fuerza de tu oleaje no siempre jugar permite
tu profundidad estremece mi alma cuando se pregunta
quiénes en tu insondable fondo para siempre permanecen?


Chuva Dançarina
Eme Paiva

Eu sou bailarina,chuva dançarina
suspensa em fumaça, que aos céus embaça...
Éolo, meu parceiro, vento tão ligeiro

Sopra meu cabelo, que se enrola inteiro
Sempre tão faceiro...
Beija-me com a brisa...
Mas sou bailarina,
Não posso parar!

Em compasso Presto, para Alegretto
Éolo vem tão lesto, girando em dueto
Dupla pirueta... um plié airoso
para todo elenco
nossa acompanhar!

Entram os guerreiros de pólos contrários,
Sempre adversários, em cujo encontro
Risca em qualquer ponto, com forte descarga
que pode matar!

E, vão pelos ares, chispas quais raízes,
procurando a terra para desabar!
Ecoa, então, tão forte trovão,
Retumbando o estrondo, que vai ecoando
Só pra assustar!

E eu, dançarina, chuva bailarina
Sigo o compasso, Allegro Animatto,
Passa ao adágio, quase a terminar.
Quando em pianinho, dou curtos passinhos
e o elenco todo a me rodear!

Paira um prelúdio e o espetáculo
é feito de luz:
dá lugar ao sol, incidindo em nós,
Belas bailarinas, cheias de vitórias
Soltas pelo ar.

É a apoteose de todo o bailado
Quando nossas vestes, de brumas celestes
solenes refletem toda luz solar!!
Luz tão cambiante. se dispersa em prisma
com todas nuanças das cores divinas,
formando um arco onde a deusa Íris,
pode então, passar

E, há pela Terra, todo um fascínio:
Gente que se encanta com esses domínios...
Em seus corações, palpitam emoções
que são para nós lindas ovações
de pura alegria, por ter ofertado
todas as matizes, toda nossa glória,
a lhes ver felizes
E a suas almas, queremos curar!!