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Festa Nu Arraiá "FBP"
Elisa de Andrade

É com grande prazê que cunvidu ocê
Pro arraiá da "FBP"... ispiciá 
Vai tê brincadera e cumida pra valê
E dança forrózada ... inté o sol raiá!

Trata de arrumá o visuá e a farpela
Que as moça vão tudo faguera e bela
Elas fizerum promessa pra Santo Antonho
Pra arranjá um marido rico e risonho!

Se ocê quisé di verdadi si candidatá
Vai tê qui na loteria correndu jogá
Pruquê dinhero num tá fácil di arranjá
E moço pobri hoje ... num consegue si casá!

A fuguera tá esquentando a moçada
Tem balão cororido e banderinha pra infeitá
Vem logo cumpadi e cumadi ... nessa barbada
Pruquê sinão a cumida e a bibida vai acabá!

Petrópolis - RJ



Dia no Sertão
Eme Paiva 

Uns raio da madrugada
da casa, vara o cipó...
e ao som da passarada
alevanto, qui é mió!
- êta dia!

Com uns gole de café
descenu goela abaxo
no quintal os garnisé
qué mostrá quem é o macho!
- Bons dias, galinhada!

Mai ansim memo os piado
da passarada em bando...
Inté fico arrepiado
di ouví elas cantanu!
- Canta qui tá bunitu!

Um banquinho, o calderão
pras mimosa ordenhá...
Vô seguido por meu cão
qui pára pra se coçá!
- Vem, sarnento!

O sol já vai lá bem quente,
quanu arreio o alasão...
Vô aboiá o meu gado
pras banda do riberão!
- ôôa, zarôio!

Quanu chega a tardinha,
alegria mi conforta...
Dô uns bejo na Ritinha
e sarto prá fechá a porta!
- Eta , Mundo véio sem portera!! 



Hoje tem festa sim senhor!
J. Marques (Jamaveira)

Hoje é festa
Dia de São João
Colando bandeirinhas
Em grande cordão
A rua quase toda enfeitada
A fogueira já montada...
A mesa sem tamanho
Tem de tudo da época
O cheiro do milho,
Da canjica e pamonha
É o que exala o ar.
Todos a se preparar
Calças jeans camisa xadrez
Lenço de cor no pescoço
Um trio de forró
A quadrilha vai animar.
Não tem que fique parado
Quando o zabumba bater
A sanfona foliar
E o triangulo tilintar...
Cerveja gelada
Pinga pra esquentar
Nessa alegria contagiante
Meninos soltam fogos
O céu todo a brilhar
Os olhos das moças a cintilar
Os moços a se chegar
É só foliar...
Olha minha gente!
Se existe festa boa de se ver
Pode crê!
É um São João no meu sertão!!!

J. Marques (Jamaveira)

João Pessoa-PB
14.06.06
20:35



Festa Caipira
José Ernesto Ferraresso

A festa vai começá,
Até o dia raiá,
Nóis vai tomá quentão,
sem fazê confusão.

A quadria vai começá
nóis vai se achegá, 
Prá mode de nóis vê ,
O povo todo dançá.

Dança par cum par, 
Um homi, uma muié, 
O padre também dança,
Fazendo uma lambança.

O sanfonero vai tocá,
Pra mode nóis dançá,
A festança so vai terminá,
Só quando o sór raiá.

José Ernesto Ferraresso
14/06/2006



Êta Tiru Bâum, Sô !
Luiz Poeta ( sbacem - rj ) - Luiz Gilberto de Barros
Às 21 h e 58 min do dia 13 de janeiro de 2005 do Rio de Janeiro

Seu dotô, a minha véia,
Mermo sem tê diarréia,
Deu angora di peidá...
Entra embaixo da coberta
E quando a vontade aperta,
Sorta pum até rachá !

E o peior é quela dorme
Com aquele trem enormi
Viradinho pro meu lado,
Quando sorta o tar do chêro,
Eu se alembro do tempero
Que ela botô no insopado.

É ansim: divagarzinho,
Levanta u cobertozinho
Deus do céu ! Mas que fedô !
Qui acorda inté os vizinho
Que vem vê si o barraquinho 
Da genti si incendiô !

Já chamei a embulança,
Que foimbora sem tardança...
O enfermêro passô mal;
Vei u corpu di bombero
Mas como apagá u chêro
Sem tê fogo no quintau ?

A pididu da puliça,
Punhei nela uma curtiça
I achei qui o troço parô,
Mas quando chegô a hora
Di drumi, meu Deus... i agora ?
A curtiça disparô !

Arrancô o meu teiado
Foi genti pra todo lado
Dianti da exprosão
Dirrubô um posti intêro
Foi um tiru tão certeiro
Qui pegô num avião !

I a véia salienti 
Inda zombava da genti,
Dizendo: - Que pontaria !
Si eu fossi uma sordada
Ia sê aproveitada
Sabi ondi ? Na artilharia !



Chovi, Chuva
Marcial Salaverry

Nóis careci di rezá mió,
pra modi vim a chuva
lavá a arma dessi pó...
Inté pareci qui
Nosso Sinhô 
cum Padim Ciço brigô,
poi num manda chuva
prinriba di nois...
Dá inté uma gastura,
zoiá pressa secura
di nosso chão....
Dá inté um preto no coração,
essa farta dágua no sertão...
Nois num qué fartura di fartá,
qué fartura di mutcho tê...
O gado tá morrendo,
as prantação secando,
i a fomi aumentando...
Ó xente, meu Deus,
nóis dá pra vida um adeus...
Mandi água pru sertão...
Num deixa nois nessa agonia, não...
Vem uns homi falano
que careci de cavá uns poço artesiano...
Mai é tudo engano...
Elis pega as verba,
i vão pruma tar de Suiça passiá...
I dexa nois di sedi si acabá...



Quadrilha na Roça
Margaret Pelicano

A quadria tá animada,
fuguete istoranu pra daná,
eu tampo us-ovido assustada,
porém...os-óiu estão a arregalá!

E ieu sô lá doida
di meus-óio fechá?
É ruim, hem!? Podi aparecê um moçu
daquelis bunitu di si oiá!

Quandu us busca-pé
corre por baxu dos meus pé,
eu dô um gritinhu animadu,
e continuo a dançá!

Ô treim bão é quadria de São Juão,
Santu Antonho, São Pedro...
É muita a comilança,
os batão vermeio nas boca,
e os beju a istralá.

É um batê parma, cubri da chuva, pulá fuguera...
tanta alegria,qui meusóio dá um nó,
prucuro us moçu bunitu,
entru na dança, sortu balão, sorriu,
pulo numa perna só...

U quentãu isquenta du frio,
balangu as saia rodada,
pisco pros moçu tudin,
afinar, estou mais pra lá qui pra cá,
di tanto bebê pra misquentá!

E quando arguém qué me separa,
do meu cavaiêru, gentir pra daná,
pegu meu guarda-chuva,
e corru cum ele pra lá e pra cá!

Ô treim bão é quadria na roça,
tenhu munta istorá pra contá!

Brasília - 09/06/2006



Decepção
Marilena Basso

Num é qui eu quero reclamá,
Mas du jeitu que tá
Num da mais pra ficá.
Essa gente pensa
Qui o povo da roça
É tudo meio tonto
E si deixa enganá.

Di tonto num temo nada,
Temo sim é muito respeito
Educação di berço num fartô.
Tamo guentando inté dimais
As paiaçadas dos estudados
Qui forô colocado nu poder
Pelos votos dus iletrados tumbém.

Lá tem muita gente
Qui só pensa em ficá rico
Co dinhero do pobre de salário
Nem se importano
Se na roça tamo deixando
Nosso suor misturá na terra,
O sor quiemá a nossa pele.

Mermo na roça a gente sonha:
-Quanto eu queria colocá
Um tico de oro no buraco du dente
Pro meu sorriso enfeitá,
Mas quando seu dotô 
Falô o preço pra mor di pagá
Mandei ele colocá massa preta
Tão preta quanto minha alegria ficô.

Num é di cor deferente
Minha esperança moribunda,
Cunsegui pagá tudas as contas
Cum o tar salário mínimo,
Enquanto os homes da espranada
Isbanja em festas e cumilanças
O que nóis pobre nun come o ano intero.

Mais inda a decepção é maió
Di vê a cara lavada
Dus ladrão di colarinho
Contano mintira de cá pra lá,
Quereno enganá tudo nóis
Se fazendo di coitadinho,
Como si nóis num sobesse que a grana
Já foi amoitada em argum banquinho.

Inté quando isso vai perdurá?
Vixe...isso fico a me perguntá
Será que essa gente safada
Ainda num desconfiô 
Qui pode até escapá da justiça dus homes
Mais num vão escapá de jeito nenhum
Da justiça que vem du céu?
Acho qui lá em cima tem arguém 
Qui tá decepcionadu cumo eu...



Festa de São João
Mário Osny Rosa

Vamos São João festeja
Nessi belu arraia
Vamu humenagia
Santo Antonio São Pedro
Qui é porteiro do céu
Vai ter pinhão assado
Minduim paçocas
Com a famosa pipoca
Vamu dança a quadrilha
Tomar o caminho da roça
Ao toque do sanfuneiro
In redor da fugueira
Ninguém vai ficar
Nu banco a esperar
Vamu todos dançar
Du baião ao xaxado
Ninguém vai fica parado
Pula a fugueira menina
A brasa não vai queimar
São João vai cuidar
Dipois vamu dançar.

São José/SC, 7 de junho de 2.006.
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