Apresentando a ciranda:

Simone Pinheiro

 


"Arraiá" de São João

Os fogos anunciavam
a subida dos balões,
que o céu iluminavam
a noite de São João.

Barraquinhas de pipoca,
cachorro quente e quentão,
a moça vendendo "bitoca"
e os moços dizendo:- Que "bão"!...

Com balões e lindas bandeiras,
o "arraiá", estava enfeitado,
para as muitas brincadeiras,
sem poder ficar sentado.

No auge da festa animada,
no quintal entra a quadrilha:
À frente a noiva mimada,
com a barriga na virilha.

O noivo, o bem amado,
tremia sem parar
de medo do sogro armado,
que só fazia gritar.

O padre só gaguejava
em frente a tal situação,
e a mãe da noiva rezava
pra acabar a confusão.

Casamento realizado,
o sogro se acalmou,
o amor estava selado
e a festa continuou.

Autoria: Simone Borba Pinheiro
Data:22/ 05/ 03

 

 

Participam desta ciranda:

 

Alcina Azevedo, Ana Mª Peralva, Antonio Cícero, Arlete Piedade, Bob Motta, Carvalho Branco, Cássia Vicente, Dulce Peixoto, Elisa Andrade, Eme Paiva, J. Marques, José Ernesto, Luiz Poeta, Marcial Salaverry, Margaret Pelicano, Marilena Basso, Mário Osny, Nadir D'Onofrio, Nany Schneider, Nilton Nallim, Sueli Santo, Tere Penhabe, Thereza Mattos

 

 

Autores de "A" a "D"

 

 

Na Cozinha é Qui é Lugá De Muié
Alcina M.S.Azevedo

Maria! Levanta! vai fazê o café!
E Maria labutadeira
Corre, corre e prazenteira
Ascende o fogo
e toda companheira
Leva em bandeja, o café pro Mané.

Ele se assenta, pigarreia e grita:
Oh Maria! que tem na marmita?
Ela responde:
Arroz e batata frita!
Diz ele:
Vosmicê num presta, só memu me irrita!

E sai arrastando seu casco na bota.
No cavalo ele monta,
bem mais nobre que ele.

Quando chega visita:
Maria! ele grita:
Serve o café! tira do chão o pé!

Maria acorda cansada servindo o Mané.
Também ela qué, cunversá cum a visita...
Mas Mané se irrita:
Vai já prá cozinha!
Que lá é qui é, lugá de muié!

Maria não sabe mais o que fazê pro Mané
Trabalha no lenhado
Com o corpo cansado
E ainda tem um oiádo
De amô e de fé.

Maria! Vem logo! Lava o meu pé!

E assim é o Mané
Mané de Maria, Mané de muié mais tonta que eu tenho!
Até que um dia a cobra mordia
o grande Mané.
E ele correu a chamar por Maria.

Maria responde:
- NÃO POSSO MANÉ!
NA COZINHA É QUE É LUGÁ DE MUIÉ !



Vamu Fazê Amô
Ana Maria Peralva Cordeiro

Vamu lá ômi,
óia as estrelas nu céu briando.
Vamu ponhar um poco de luz
qui prá nóis tá fartando...
Vamu juntá uns gravetos
i fazê uma fugueira,
quem sabe arguma fagulha
cai em ocê
i acende essa cinzeira.
Ai...já tô cum tremedeira, as pernas bambiando,
de tanta sardade di fazê amô cum ocê...
Si acuntecer esse milagre,
vamus nus advirtir a noite intera,
afugueando o frio desse casório
qui mais parece um velório.
Num dá mais prá guentar esse querer,
vamu ficar agarradinho, abraçadinho,
cum o corpu coladinho...suadinho,
tudu ficando arripiadinho.
Óia a lua no céu, tudinha esparramada...
Nóis se deita ali mermo no capim,
faz tudo bem divagazinho
cumo era tigamente.
Vamu ripiti inté num mais guentar
ou o corpu cumeçar a coçar.
Se mais indiante acuntecer arguma nuvidade,
adispois nóis diz prá fialhada
que a lua foi a curpada
.
Anna Peralva

São Gonçalo-RJ
17/06/06



Noite de São João
Antonio Cícero da Silva

Na noite de São João
Tem fogueira e muita animação
Bebidas, vinho quente e quentão
Forró, chote, xaxado e baião
Abraços, bate-coxas, total animação
Todos sapateiam e deslizam no chão
E assim, os namorados dão-se as mãos.

Muitos usam a superstição,
Falam com Santo Antonio e São João
Uns dizem alcançar, outros ainda não
Várias pessoas tiram brasas e tição
Outros fazem suas orações, querem um amorzão
Ao lado do grande fogueirão
Que se esquentam com emoção...

Ao lado daquele fogueirão
Muitos pedem ao seu santo a benção
Nas brasas e cinzas passeiam
Procuram rostos na bacia com água
Que ocupam toda a atenção
Onde arrebentam o coração
E muitos até encontram
O amor que tanto procuram...

Noite de folguedos, de muita animação
Todos já sabemos, que é à noite de São João
Em que todos se dão às mãos
Do mais jovem am mais ancião...

www.recantodasletras.com.br/autores/antoniocicerodas



Caipira (acróstico)
Arlete Piedade


C anções alegres entoam no arraial
A s damas e cavalheiros a começar
I ntimidades aqui não são permitidas
P orém nesta quadrilha podem bailar
I nclinam os corpos em vénia graciosa
R odam e volteiam nos passos a dar
A mam e se miram com alegria no olhar



Orgúio De Sê Nordestino
Bob Motta

Eu sô nascido na praia,
criado no carirí,
e nêsse poema aqui,
meu orgúio se isbandáia.
Sô vidrado na gandáia,
derna qui eu era minino.
Lua cheia ô só a pino,
afirmo sem sê insurto:
Eu sô poeta matuto,
me orgúio in sê nordestino.

Entre a praia e o carirí,
edifiquei meu vivê.
Crepúsco e amanhincê,
faiz eu chorá e surrí.
O cantá da jurití,
imbalô uis sonhos meus.
Tenho é pena duis ateus,
qui ao vêre tanta beleza,
da nossa mãe natureza,
inda duvida de Deus.

Currí atráis de boi brabo,
levei queda de burrinca,
joguei à vera e à brinca,
peguei jegue pelo rabo,
in inxadéco butei cabo,
butei póica cum barrão,
jumenta cum garanhão,
amassei muié facêra,
me divertí nais fuguêra,
duis santo Antôin, Pêdo e João.

Quando ais vêiz, eu bem cêdíin,
de ressáca me acordava,
p'ro currá já disabava,
chega ía ligêríin.
Me assentava no banquíin,
tirava o leite ispumante,
gostoso, revigorante,
dispejava goela a dento,
logo adispôi, num momento,
tava nôvíin, num instante.

Eu viví nêsse cenáro,
gostoso, sufrido e doce.
Ôxente, vôtes, danô-se ?!
É do meu dicionáro.
Tão rico vocabuláro,
me faiz chorá de emoção.
Ais festa de apartação,
cum meu passado se foi,
e ais pega de jegue e boi,
nais caatinga do sertão.

Lambo uis beiço quando vejo,
numa mesa abarrotada,
pamonha, cuscúiz, quaiáda,
pôico, panelada e quêjo.
Macássa, arróiz sertanejo,
rapadura cum café,
chôriço, sarapaté,
frango caipira, uma beleza,
pirão, e de subrimesa,
rapa de quêjo, cum mé.

Nuis pé de pinha, de quixaba,
nais sombra duis juazêro,
nais gáia duis imbuzêro,
êsse poeta se acaba.
Nuis pé de jabuticaba,
a lembrança inté me dói.
A sodade me corrói,
do oiá de uma cabôca,
do doce da sua bôca,
dibaixo duis avelóis.

Nuis forró de chão batido,
vendo ais cabôca bunita,
nuis seus vistido de xita,
num ai quem num fique inxirido.
Sendo fã do seu mixido,
dento e fora do salão,
pego ela pura mão,
sem um tico de pudô,
vô p'ro campo e pegue amô,
sob o luá do sertão.

É essa ais minha raíz,
faço questão de dizê,
p'ro mundo intêro sabê,
sô nordestino e feliz.
E sô eterno aprindiz,
inquanto Deus me dé vida.
Quando eu tivé de partida,
meu caixão vai, na verdade,
intupido de sodade,
da minha terra querida...

Autor: Bob Motta
Da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte
Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN
Do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte



A Convidada
Carvalho Branco

Arrecebi seu cunvite
e mi senti muitu honrada...
Si nu norte toma-se u "ITA",
nós vai memu na cavalgada...
Vosmicê mi arcredite:
cumprei um vestidu novu
tudu enfeitadu de fita...
umas meia bem listada,
sandália da cor du ovu
e uma bolsa encarnada...
Queru istá uma belezura
na festa desse Arraiá,
pra mode,quem sabe,arranjá
um maridu, ou arventura,
pois tô matando cachorru a gritu...
Nem percisa sê bunitu,
pode parecê cum piriquitu, 
mas aqueli qui for meu home 
tem que tê um riquisitu:
tem que sê machu nu duro,
não ficá cima du muro,
pra não mi deixá passandu fome...
É pra issu qui servi um home!
Muié sô e bem fogosa;
nus cabelu usu babosa
pra ficá maciu, brilhanti...
Mi isqueci, servi um amanti...
Se não for dus mais ardenti,
jogu ele na fugueira,
pois nun sô nenhuma freira,
que aí sim, fica bem quenti!...
Cumadri, prepara a roça,
qui si tô aqui de troça,
tô querendu mi acabá:
vô disposta pra dançá...
Num vai tê pra mais ninguém,
home ricu ou sem vintém,
si cum meu olhu eu pilhu,
na minha mão comi milhu!...



Vai se hoje...eta se vai
Cássia Vicente

É hoje no arraiá do seu Zé
que a festança vai acontece
logu de noitinha a gente toda vai ta lá
tem fuguera, quentão du bom, mio<cozido, 
muitas guloseima e...
tem o mió de tudo
o Bastião a me esperá
pra nois dois dança em vorta da fogueira inté cansá
despois vamus escondidinho lá pro quintá namorá
mior parte qui essa nun tem
vai se um agarra só, pra lá e pra cá
vamu rolá nu chão até esquentá
despois...deixa pra lá
num si deve conta...

Jataí.GO
17.06.06



"O arraiá dos poetas"
Dulce Peixoto. 

No arraiá dos poetas vamos festezar...
A dança caipira vai começar...
A noiva é prosa, e o noivo é verso...
A poesia, a grande anfitriã já tomou o seu lugar...
O soneto de braço com a mensagem, acabaram de chegar...
O poetrix chegou devagarinho, veio para ficar...
O pensamneto fazendo suas reflexões...
também tem o seu lugar...
Todos os componentes dessa festa, estão chegando para dançar...
Vai ter dicionário para todos os gostos, livros literário também...
Os grandes poetas já estão aqui, para abrilhantar a festa neste lugar...
A fraze já esta dançando com o kaikais...
E os conto de amor não podem faltar, e a ciranda vai começar...
Na fogueira, as chamas ardentes do amor, fazem a sua dança particular...
Para esquentar , sopa de letras vamos tomar!
E por ai vai, todo esse encanto...
O arraiá dos poetas em festa está!!!.