Sem Endereço


Quando pequena, enderecei uma carta para minha avó.
Com empolgação, fui até o correio e a enviei,
tentando fazer o dia da velhinha, não ser tão só.
Selo bonitinho, tudo limpo e no lugar,
pensando no minutinho em que a minha carta ia chegar.
Voltei para casa contente e me pus a esperar
sorrindo alegremente ao, a alegria de minha vó imaginar.
Em um dia chuvoso, o carteiro bateu em minha porta
dizendo que a carta voltara para mim.
O endereço não existia e ela não poderia ser entregue assim:
Vovó Inácia
Rua dos anjos
Reino dos Céus
Número da saudade
CEP:00000-000
E eu pensei comigo mesma:
Será que o lugar para onde as vovós vão, não tem CEP?


Autoria: Andréa Borba Pinheiro